Jovens pedem escola mais flexível e inclusiva em evento Educação 360, realizado pelos jornais O Globo e Extra

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Uma escola mais flexível e que respeite a diversidade está entre os desejos dos jovens que participaram, nesta segunda-feira (16), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, do Educação 360 Jovem. O evento, que debateu temas como currículo escolar, metodologias de ensino e as formas de participação dos estudantes, foi realizado pelos jornais O Globo e Extra com patrocínio do Serviço Social da Indústria (SESI).
 
Pela primeira vez no projeto, que está na 5ª edição, os jovens tiveram protagonismo ao participar das quatro mesas de discussão. Ao longo do dia, foi debatida a educação que os estudantes têm hoje e aquela que eles desejam ter, especialmente diante das mudanças previstas na reforma do ensino médio aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado.
 
“A novidade assusta, tudo não vai ser construído de uma hora para outra. A solução está no simples, em cada escola trabalhar com o pouco que tem”, avaliou Ana Luiza Stock Souza, aluna de Penha (ES), que participou de um dos painéis do evento. Ela integra o grupo de 222 jovens, em cinco estados, que participa de experiência pedagógica de implantação do novo ensino médio realizada pelo SESI e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). “A escola tem de trazer a realidade para a sala de aula. Não é preciso nada extraordinário, às vezes é possível fazer isso com recursos simples para progredirmos aos poucos”, avaliou a estudante.
 
Na abertura do evento, o diretor de Operações do SESI, Paulo Mól, falou sobre a importância das mudanças no ensino médio durante conversa com os jovens Carlos Eduardo dos Santos Silva, aluno do SESI-SENAI de Maceió; e também Tamiris de Jesus Costa e Marcos Vinicius Oliveira de Souza. O encontro foi mediado pelo escritor Marcelo Rubens Paiva, que contou sua experiência como estudante e defendeu que o conhecimento na escola tenha significado para os jovens.
 
 “Temos um grave problema no Brasil porque o ensino médio prepara para a universidade, sendo que 83% dos jovens não vão para a universidade”, afirmou o diretor de Operações do SESI, Paulo Mól.
 
 
QUALIFICAÇÃO – Na sua apresentação, o diretor do SESI disse que o novo modelo abre caminho para que os jovens terminem o ensino médio com uma qualificação para o mercado de trabalho, ao incluir a formação técnica e profissional no currículo regular. “Temos um grave problema no Brasil porque o ensino médio prepara para a universidade, sendo que 83% dos jovens não vão para a universidade”, afirmou. “O grande objetivo do ensino médio deve ser capacitar e gerar habilidades, de maneira que quando acabe essa etapa o jovem se posicione bem no que queira fazer”, completou Paulo Mól.
 
No painel, “Como os jovens querem aprender”, o gerente-executivo de Educação Profissional e Tecnológica do SENAI, Felipe Morgado, também avaliou que o protagonismo do jovem pode ser obtido ao estimular o estudante a solucionar problemas do dia a dia. “O protagonismo é garantido quando desafiamos o jovem. Se a gente consegue buscar desafios a partir da realidade que o jovem vive, conseguimos novos resultados. É isso o que SENAI busca, desenvolver uma cultura do empreendedorismo inovador”, explicou.
 
A adoção de novos conteúdos, formas de aprender e de avaliação também foram debatidos na terceira mesa “O que os jovens querem é aprender”. O chefe de Educação do Unicef, Ítalo Dutra, conversou com os jovens Gianluca Vilela, Eduarda Pessotti da Silva e Bárbara Faria Correa, que é aluna do novo ensino médio do SESI-SENAI em Aparecida de Goiânia. “A tecnologia entra como adicional nas ferramentas. Às vezes, o jovem se sente melhor aprendendo com um vídeo, uma música, um teatro”, avaliou a adolescente de Goiás.
 
 O gerente-executivo de Educação Profissional e Tecnológica do SENAI, Felipe Morgado, também avaliou que o protagonismo do jovem pode ser obtido ao estimular o estudante a solucionar problemas do dia a dia.
 
 
DIVERSIDADE - O tema da inclusão de estudantes com diferentes necessidades também esteve presente em todas as mesas de debate. “O jovem quer ouvir e falar sobre diversidade, raça, gênero, orientação sexual, precisamos incluir e falar sobre isso”, cobrou Eduarda. No debate, o docente de Itambé, em Pernambuco, Jayse Ferreira, vencedor do 8º Prêmio Professores do Brasil, relatou a experiência de incluir um jovem com deficiência auditiva em um curta metragem que lhe garantiu a premiação do Ministério da Educação (MEC).
 
“Se a gente der essa chance a esses alunos, eles vão aproveitar. Não os olhem como um número na caderneta, mas como pessoas que merecem ser respeitadas na totalidade”, defendeu o professor. “Meu pai dizia que queria que eu saísse da escola como alguém que presta. Educação é para isso, é para ensinar as pessoas a serem gente”, completou.
 
O escritor Jessé Andarilho mediou a quarta mesa de debate com o tema “Como os jovens devem participar da educação”, na qual os jovens discutiram como incentivar a participação dos estudantes no dia a dia das escolas. Ao final do evento, foi lançado o documento “Juventudes pela Educação”, elaborado durante nove meses pelo movimento Todos pela Educação, pelo Instituto Unibanco e pelo Inspirare. Entre as propostas está a criação, pelo governo federal e pelas secretarias de educação, de mecanismos específicos para consulta aos estudantes sobre mudanças nas políticas públicas de educação.
 
Na véspera, cerca de 90 jovens convidados, professores e pais participaram de oficinas preparatórias para o debate. Além da discussão dos temas do evento, foram eleitos os estudantes que levaram ao Museu do Amanhã as conclusões dos grupos de estudantes.
 
 
 
Texto e fotos: Helayne Boaventura, do Rio de Janeiro
Para a Agência CNI de Notícias

 

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