Ação Global 2018 registrou 11.088 atendimentos em Salvador

 

 

Apesar da chuva na manhã de sábado (26.05) e dos transtornos gerados pela greve dos caminhoneiros, que levou à redução da frota de ônibus em Salvador, o Ação Global 2018, foi um sucesso. Pelo segundo ano consecutivo o evento foi realizado na Escola SESI Reitor Miguel Calmon, no bairro do Retiro, e recebeu um público de 3.696 pessoas. Das 9 às 16 horas, foram realizados 11.088 atendimentos. Entre as estrelas que se revezaram no palco, o cantor Nicolas Silva, de 15 anos, que foi um dos representantes baianos no The Voice Kids deste ano.

 

Os serviços mais demandados foram os de saúde, incluindo exames oftalmológicos, orientações nutricionais e de prevenção de doenças crônicas; emissão de documentos – carteira de trabalho e 2ª via das certidões de nascimento e de casamento etc. –; e os de orientação judicial. Os estandes que ofereceram oficinas também ficaram lotados. Um dos mais concorridos foi a oficina de compostagem, em que os visitantes aprendiam a transformar resíduo doméstico em adubo orgânico. Muita gente também aproveitou para dar um retoque no visual, utilizando os serviços de cabeleireiros voluntários.

 

O SESI aproveitou a temática do evento deste ano para reforçar a campanha de matrícula da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que estão abertas até o dia 30, em todo o estado. Uma unidade móvel recebeu os interessados e deu informações sobre como funciona a metodologia de reconhecimento de saberes – que identifica os conhecimentos que o estudante já domina. Foram inscritos 216 novos alunos. A EJA é oferecida gratuitamente pelo SESI à comunidade e permite a conclusão do ensino médio e do ensino fundamental a distância (EaD).

 

Dentre os que se inscreveram na EJA está a cuidadora de idosos Artemisa Paulino da Silva, 46 anos, e sua filha, Rafaela Vitória da Silva Oliveira, de 19. Artemísia fez até a 4ª série do ensino fundamental e com a EJA pretende retomar os estudos para buscar outras possibilidades profissionais. O vigilante Georgene os Santos, 35, também tem interesse em voltar a estudar e foi conhecer a proposta do SESI. Saiu de lá com a matrícula realizada. Ele havia parado na 6ª série do ensino fundamental.

 

 

Como o evento era dedicado à educação, no palco, onde vários artistas e grupos culturais se revezaram, o estudante da EJA, Roberto de Queiroz, 44, apresentou o hino de sua autoria dedicado à Educação de Jovens e Adultos do SESI. Morador do bairro de Plataforma, ele é aluno da EJA Retiro há três meses. Sua gratidão por ter conseguido voltar aos estudos, ele traduziu assim: “A minha história, amigos, eu irei cantar em forma de canção. Em muitas portas eu bati e o que eu sempre tive foi um não. Isso que me deu coragem de eu procurar o SESI e voltar a estudar”, diz um trecho da música apresentada no palco da Ação Global. “Ter cantado aqui foi a realização de um sonho”, disse Roberto. Para ele, a música é uma forma de educação. 

 

O estande da Delegacia do Trabalho, presente em todas as edições do Ação Global, facilitou a vida de muitos que ainda não tinham carteira de trabalho. Eduardo Gonçalves Bezerra, 17, estudante, estava sem tempo para ir ao SAC realizar o processo de emissão do documento. “A ação facilitou muito porque aqui é mais rápido e de mais fácil acesso para mim”, disse. Ele foi em família para o evento. "Minha avó está no estande da Pastoral da Criança e meu tio trabalhando como bombeiro". No mesmo estande, André Messias,16, e Marielle Costa, 14, também comemoravam a emissão da carteira. Quando questionada sobre sua motivação de acordar cedo em pleno sábado para ir ao Ação Global ela disse, decidida: “Eu vim porque quero conseguir um emprego, talvez como jovem aprendiz”. 

 

Erisvaldo dos Santos, 40, foi um dos que se beneficiaram com a participação do Ministério Público no evento. Morador do Retiro e comerciante autônomo, ele foi fazer a certidão de nascimento do filho de 9 anos que ainda não havia sido registrado em cartório.  A Ação Global foi também a oportunidade que Conceição Maria de Sousa, 57, precisava para emitir a certidão de divórcio e poder se casar com o companheiro com quem convive há 11 anos. Conceição pretende se casar novamente e aproveitou para economizar, já que a certidão estava sendo fornecida gratuitamente.

 

 

 

Os serviços de saúde foram os mais procurados, totalizando 5.248 atendimentos. “Conferi a pressão ocular e conversei com uma profissional”, relatou o motorista Domingos Antônio Moreira,53, morador da região da San Martin. Ele foi atendido no estande da Clínica Alclin, que ofereceu exame de pressão ocular e marcação de consulta de catarata para pessoas com mais de 60 anos, como foi o caso de Irene Rebello Henriques, 73, residente do bairro Cajazeiras. "Vim aqui para fazer exames básicos, como esse das vistas. Não tenho plano de saúde, mas graças a deus tenho saúde boa, chegar nessa idade sem nenhum problema sério de saúde é ótimo”, se orgulhou a aposentada. 

 

 

Ana Cristina Santos, 42, pôde levar, pela primeira, vez, seu filho Emerson Santos, 12, para um atendimento de orientação nutricional, essencial na fase de desenvolvimento em que ele se encontra. "Viemos aproveitar os serviços gratuitos oferecidos pelo Ação Global, um deles, o de nutrição. É a primeira vez que Emerson recebe orientações nutricionais. Quero que ele aprenda sobre alimentação e saúde", explicou. 

 

Os serviços de promoção da cidadania totalizaram 2.973 atendimentos, incluindo a emissão de documentos e aconselhamento judiciário gratuito, prestado por parceiros como o Tribunal de Justiça, Defensoria Pública da União e do Estado e Ministério Público Estadual. As atividades educativas, incluindo oficinas artesanais, de reciclagem, financeira para crianças, robótica educacional e educação ambiental, realizaram 1146 atendimentos.

 

Um dos estantes mais concorridos foi o da MRV em parceria com a Toca Ambiental, que ensinou os visitantes a fazerem a compostagem doméstica. “Temos uma atuação voltada para a comunidade na construção de hortas comunitárias e ações de reciclagem ambiental”, explicou Rafael Brasileiro, um dos sócios da Toca. Participando pela primeira vez da Ação Global, ele estava animado com a experiência de poder estar em contato com pessoas da comunidade, levando um pouco do trabalho que a empresa desenvolve. “Queremos estimular a prática da compostagem no espaço urbano de forma a transformar um problema, que é a questão do lixo urbano, em algo benéfico para a sociedade, graças à compostagem”, destaca Rafael.

 

 

 

 

Neste mesmo estande, Margaret Mendes, 33, atua há seis anos como uma das voluntárias da Ação Global. “Como voluntária, sinto satisfação em contribuir com o social, atender à comunidade em vulnerabilidade social e econômica. São pessoas que tendem à obesidade por questões culturais e devido à falta de instruções nutricionais", destacou.  O estande deu orientações nutricionais sobre o uso de especiarias, consumo de alimentos industrializados, orientações sobre diabetes, hipertensão, ingestão de água e medição do IMC. 

 

Outra voluntária que participou do evento foi a mediadora judicial Elci de Cassia, 47. “Ser voluntária é um estado de espírito. Quem é voluntário, é em qualquer lugar. Estar aqui é uma troca de aprendizados, que trazem benefícios para todos os envolvidos”. O que mais chama atenção de Elci é a mobilização de pessoas que vêm de interiores e distritos distantes para serem atendidas. Para ela, este é um sinal da legitimidade do serviço oferecido. 

 

Educação, direitos humanos e sustentabilidade ambiental foram os pilares da 25ª edição da Ação Global, que aconteceu simultaneamente em 26 cidades brasileiras e no Distrito Federal. Parceria entre a Globo e o SESI, a iniciativa já prestou cerca de 47 milhões de atendimentos ao longo de 26 anos.